Biografia
Lev Semionovich Vegotsky nasceu na Bielorrússia, em 1896, filho de uma próspera família judia. Formou-se em Direito na Universidade de Moscovo, em 1918, período no qual estudou também Literatura e História. Em 1918 retorna a Gomel, sua cidade natal, onde foi Professor em Psicologia num estabelecimento de formação para professores.
No entanto, o seu trabalho só se focou na Psicologia posteriormente, sendo que em 1924, após participação num congresso de psiconeurologia, foi convidado para ser investigador no Instituto Psicológico de Moscovo. Em 1925, termina a sua dissertação intitulada “Psicologia da Arte” e um livro cujo título é “Psicologia Pedagógica”, baseado nas notas que produziu enquanto trabalhava como Professor em Psicologia em Gomel.
Em 1926, inicia o seu trabalho num manuscrito no qual argumentava que era possível formar uma Psicologia Geral, onde se poderiam unir correntes naturalistas-objetivistas com abordagens mais filosóficas, de orientação marxista, já que se acentua o dualismo mente-corpo, natureza-cultura e consciência-atividade. O seu objetivo era criar uma metodologia que colocasse em prática os métodos e princípios do materialismo dialético.
Entre 1926-1930, Vegotsky trabalhou em investigações cuja finalidade era estudar o desenvolvimento das funções nervosas superiores, como a memória lógica, a atenção seletiva, a tomada de decisão, a compreensão da linguagem, desde as suas formas psicológicas mais primitivas, para além da pedagogia e da psicopatologia. Ao descrever a diferença entre o funcionamento animal e humano, postula três teses sobre o desenvolvimento e funcionamento cerebral humano. Estas prendem-se com a organização sistémica, a localização dinâmica e a origem relacional das funções nervosas superiores.
Durante este período, colaborou com Alexander Luria, Alexei Leontiev, e outros, como Varshava e Zankov. Pretendia que abordassem o fenómeno das funções nervosas superiores a partir de três perspetivas: uma abordagem instrumental (compreender a forma como os humanos utilizam objetos como mediadores para a memória e raciocínio); uma abordagem desenvolvimental (compreender como crianças adquirem funções nervosas superiores durante o seu desenvolvimento); uma abordagem cultural-histórica (compreender como padrões sociais e culturais de interação moldam formas de mediação e trajetórias desenvolvimentais). Estas três perspetivas fixam a centralidade da mediação cultural na constituição de processos psicológicos especificamente humanos, e o papel do ambiente social na estruturação dos processos através dos quais as crianças se apropriam das ferramentas da sociedade no processo ontogénico. Particular relevância foi dada à linguagem, já que a aquisição da linguagem é um momento fundamental no qual a filogenia e a história cultural se unem para constituir formas especificamente humanas de pensamento, emoção e ação.
O seu trabalho mais conhecido, Pensamento e Linguagem, descreve, então, o desenvolvimento da linguagem e do pensamento lógico em crianças pequenas, no decurso das suas interações e da relação estabelecida com adultos e o mundo que as rodeia. Interiorizam a atividade prática expressa em atividade sensório-motora, através da vocalização, da fala interna e finalmente do pensamento. Refere também a importância das experiências vividas para o desenvolvimento, durante as quais contacta ativamente com conhecimento socialmente transmitido pelos adultos.
Faleceu em 1934, devido a episódios agravados de tuberculose. O seu trabalho foi publicado postumamente.