Biografia
Alexander Romanovich Luria nasceu em Cazã, em 1906, filho de uma família judia de médicos e professores universitários. Terminou os seus estudos superiores em 1921, na Universidade de Kazan, período no qual criou a Associação Psicanalítica, tendo trocado correspondência com Sigmund Freud.
A partir de 1923, inicia o seu trabalho no Instituto de Psicologia de Moscovo, onde conhece Lev Vegotsky e Alexei Leontiev. Juntamente com estes, procurou estabelecer uma abordagem de Psicologia, na qual se poderia “descobrir a forma como processos naturais, tais como a maturação física e os mecanismos sensoriais, se entrelaçam com os processos determinados culturalmente produzindo as funções psicológicas do adulto” (Luria, 1979). Esta abordagem foi, mais tarde, denominada de Psicologia Sócio-Histórica.
Nos anos 30, investigou as alterações na perceção, resolução de problemas e memória associadas às mudanças históricas na atividade económica e educação. No mesmo período, estudou gémeos idênticos e não-idênticos por forma a estabelecer as relações dinâmicas entre fatores filogenéticos e culturais-históricos no desenvolvimento de linguagem e pensamento.
Após estes estudos, ingressou no Curso de Medicina, especializando-se no estudo da afasia, mantendo o foco na relação entre linguagem e pensamento. Com o decurso da Segunda Guerra Mundial, trabalhou diretamente com ex-combatentes de guerra que sofreram lesões cerebrais, o que lhe providenciou muito material para desenvolver a teoria sobre a função cerebral e o método para a reabilitação neuropsicológica.
Luria, fundador da Neuropsicologia Moderna, reconhece a existência de três blocos cerebrais que se integram entre si para a realização de qualquer atividade mental, e, durante o processo de aquisição da cultura histórica, ocorre uma alteração ao nível da anatomia e fisiologia cerebral. A primeira unidade cerebral tem como principal contributo a manutenção do nível ótimo de tonicidade cortical. A segunda unidade tem como função a receção, análise e armazenamento da informação proveniente do exterior, regendo-se sob três leis gerais: a estrutura hierárquica das áreas; a especificidade decrescente; e, a lateralização progressiva. A área terciária da segunda unidade cerebral, a área temporo-parieto-occipital, realiza uma complexa integração de informação, sendo uma área especificamente humana, não existindo noutras espécies. A terceira unidade é a responsável por programar, regular e verificar a atividade cerebral, constituindo um aparelho que forma planos e intenções estáveis, capazes de controlar o comportamento. A região frontal verifica cada produção de modo a averiguar a adequação do comportamento que o cérebro acabou de preparar para ser executado, à intenção original.
Faleceu em 1977, com 75 anos.