A Psicologia Relacional-Histórica, fundamentada nas teorias de Vegotsky, Luria, Leontiev e Rita Leal, entende o desenvolvimento neuropsicológico e psíquico do humano como um processo relacional entre o indivíduo e o meio social onde está inserido, modificando-o e modificando-se através de um processo dialético:

eu ⎼ outro ⎼ realidade

Lev Vegotsky

Alexander Luria

Alexei Leont'ev

Maria Rita Mendes Leal

Nesta perspetiva, o indivíduo é visto como único e singular e simultaneamente relacional e social. Entende-se que não poderá ser compreendido sem ter em conta as suas relações e vínculos pessoais, a sua inserção sócio-cultural e o momento histórico em que vive.

Para clarificar este pressuposto, Vegotsky (2004) postulou que o comportamento e o funcionamento humano não depende exclusivamente do seu próprio equipamento inato, biológico ou da sua experiência individual circunscrita pela relação que estabelece com o meio ambiente, mas, mais fortemente, da sua (1) experiência histórica, (2) experiência social e (3) experiência desdobrada (consciente).

Depois do processo de evolução natural, surge um processo qualitativamente diferente, ocorrendo a construção/desenvolvimento da consciência, unicamente humana. Para tal, são necessárias as relações sociais, na forma da relação mutuamente comprometida (Leal, 2001) entre homens. O ser humano é, assim, entendido como envolvido na troca permanente de conteúdos e estruturas psicológicas com o mundo exterior, que é mediado pela herança sócio-cultural da experiência humana acumulada e partilhada à geração seguinte.