Perturbação do Espetro do Autismo
De acordo com dados divulgados em 2014 pela Federação Portuguesa de Autismo, foram detetadas cerca de 2300 famílias com uma ou mais crianças com Perturbação do Espectro de Autismo (PEA) e, segundo a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo, o número de casos aumentou nos últimos 20 anos.
A Associação Americana de Psiquiatria define PEA como «perturbações do sistema nervoso central que afeta o normal desenvolvimento da criança. Os sintomas ocorrem nos primeiros três anos de vida e incluem três grandes domínios de perturbação: social, comportamental e comunicacional». De outra forma, podemos definir as PEA como a dificuldade extrema em estabelecer uma relação vinculativa e cooperativa com o Outro e em agir de forma voluntária sobre o mundo social. Ainda que em muitos casos o desenvolvimento da inteligência cognitiva não se apresente afetado no autismo, este não determina o seu desenvolvimento relacional e de personalidade.
Uma das problemáticas que se levanta quando o tema em causa é o Autismo prende-se de uma forma geral com o momento tardio em que se recorre à ajuda clínica e especializada. Observa-se, através da prática profissional, que antes dos 3/4 anos de idade são “desvalorizadas” as preocupações pelo filho apresentar um comportamento excessivamente calmo, brincar pouco ou ignorar os adultos e crianças à sua volta. Por vezes associa-se esses comportamentos à idade. Em outros momentos atribui-se à criança características de personalidade, tentando identificar o seu comportamento com familiares cujo temperamento também é mais descontraído/ausente. Também se observa que nas situações diárias em que as birras e a raiva surgem descontroladamente há uma tendência geral em associá-las a causas/motivos mais naturais como dificuldade no ritmo de sono, alterações nos ciclos de fome e higiene. As suspeitas do diagnóstico surgem principalmente através dos educadores que, por comparação, vão confirmando que aquela criança não se relaciona, não sabe brincar, não reage quando a chamam e é aqui que começam a ser mais evidentes, aos olhos da comunidade, os sinais de alerta.
O Tratamento
Desde 2010 que temos vindo a desenvolver e a construir uma metodologia de tratamento de Perturbações do Desenvolvimento, com particular incidência no Espetro do Autismo, inspirados no trabalho de Rita Leal e Lev Vegostky.
O processo terapêutico inclui:
- Terapia relacional e treino neuro-cognitivo
- Supervisão parental e familiar - método sócio-histórico de promoção da aprendizagem e desenvolvimento mental
- Terapia sistémica (relação com os pares) da Rita Leal School
O tratamento pretende estabilizar e reverter a perturbação.