Ação de Formação: “Intervenção no Autismo”

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Escola Rita Leal - um modelo de intervenção para a escola pública -

Apresentação: Pedro Ferreira Alves

Autoria: Alves, P.F. (2017)

Abstract:

A Escola Rita Leal (ERL) pretende contribuir para a difusão de métodos promotores de inclusão nas escolas. Apesar de haver uma regulamentação que exige uma inclusão efetiva por parte da sociedade, este processo ainda está numa fase de construção e sistematização. A proposta da ERL focada na aprendizagem cooperativa com os pares tem por base o conceito de Zona de Próximo Desenvolvimento, que surge dentro das relações estabelecidas num grupo em que os elementos disponibilizam de níveis de desenvolvimento heterogéneos. O presente trabalho pretende mostrar um dos pilares estratégicos de intervenção da ERL, o trabalho de colaboração com as Escolas Públicas.

Contrariando os modelos clássicos de intervenção em autismo, no momento diagnóstico, observou-se que a criança com PEA lança iniciativas que não adquirem valor comunicacional porque a professora não está treinada a identificá-las e a responder-lhe contingentemente. Segundo Leal (1975, 1997, 2005), a dificuldade parece incidir na identificação das iniciativas dos indivíduos com PEA e na disponibilidade do cuidador para as reconhecer e atender-lhes.

Ao longo de cinco semanas a professora da Escola Pública foi supervisionada de forma a identificar as iniciativas comunicacionais da criança com PEA e a orientar uma colega de turma na relação com ela. As sessões foram gravadas em vídeo e analisadas com recurso ao software de análise comportamental The Observer XT12. A intenção passou por criar cada vez mais reflexos relacionais entre os participantes através de momentos de prazer lúdico que prepararam o processo de aprendizagem. Tendo em conta a avaliação prévia da criança com PEA foi estabelecido um plano de intervenção individualizado nas suas possibilidades, capacidades e dificuldades. A supervisão permitiu desenhar a intervenção em contexto de sala de aula contemplando três momentos de estruturação da aprendizagem cooperativa: 1) Prazer lúdico; 2) Interiorização de regras básicas e habilidades sociais; 3) Iniciativa e motivação para a aprendizagem.

Registou-se uma evolução na motivação e capacidade de manter a atenção mútua dirigida a uma tarefa escolar. Demonstrou-se que o processo de aprendizagem da leitura depende de respostas contingentes às iniciativas da criança e a adequados níveis de mediação. Verificou-se que os pares da mesma faixa etária funcionam como figuras de identificação para a criança com PEA. Durante esta cooperação, os pares mais competentes disponibilizam e emprestam diferentes ferramentas e metas com que as crianças com autismo vão-se familiarizando e gradualmente apropriando.

Palavras-chave: Autismo, Inclusão, Relação Contingente, Mediação, Supervisão.