Orientação parental: uma ferramenta cada vez mais requisitada durante a pandemia

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Nunca as famílias passaram tanto tempo juntas, mas nunca o tempo partilhado foi tão confuso como este início da 2ª década do 2º milénio! A mistura entre ser pai e ser trabalhador, a baralhação entre ser aluno e ser filho. Uma verdadeira desordem que nuns deixou à tona sintomas que já se adivinhavam e noutros fez emergir problemas para os quais deixaram de estar preparados.

Famílias com filhos pequenos, famílias com filhos adolescentes, famílias com filhos jovens, famílias com filhos adultos que agora se veem numa misturada de papéis e funções para os quais não conseguem ter mãos a medir, nem cabeça para gerir. No fundo, as famílias estão a vivenciar uma época histórica contranatura, uma vez que até hoje o desenvolvimento da sociedade nunca tinha exigido que os pais fossem tanta coisa ao mesmo tempo e no mesmo espaço. O lar deixou de ser o lugar onde se vivem os enredos familiares e passou a ser isso e palco das narrativas laborais também.

A dificuldade em colocar limites já era um fenómeno característico dos pais de hoje em dia, mas o confinamento acrescentou a falta de paciência, muitas vezes não por falta de afetos, mas por falta de possibilidade de mobilidade, uma dinâmica que permitia respirar e reenergizar. E, já diziam os nossos avós, dizer não é a forma mais completa de amar, talvez por isso a mais difícil de concretizar! A verdade é que não há forma de organizar que não inclua a palavra “Não!”. E nunca foi tão óbvia a necessidade de arranjar coragem para que pais a usassem de forma assertiva e não impulsiva. A ténue linha entre um não-organizador e um não-desorganizador é decisiva e precisa de treino e serenidade.

É aqui que entra a Orientação Parental cada vez mais requisitada e com um pico de procura nesta pandemia, são muitos os casos em que a ajuda não dá mais para adiar, são pais que querem fazer melhor e procuram mais certezas numa época que não lhes dá seguranças algumas.