O que é a Psicologia Relacional-Histórica?

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A Psicologia Relacional-Histórica é uma abordagem teórica do desenvolvimento psíquico humano, fundamentada nas teorias de Vegotsky, Luria, Leontiev e Rita Leal, que compreende este como um processo relacional entre o indivíduo e o meio social onde está inserido, modificando-o e modificando-se através de um processo dialético (eu – outro – realidade). Nesta perspectiva, o indivíduo é visto como único e ao mesmo tempo relacional, social e histórico, portanto, entende-se que este jamais poderá ser compreendido sem se ter em conta suas relações e vínculos pessoais, sua inserção sócio-cultural e o momento histórico específico em que vive. 

Também conhecida na literatura por "Psicologia Sócio-Histórica" e "Psicologia Histórico-Cultural", a Relacional-Histórica distingue-se por sua abordagem clínica que primazia a relação e a atividade humana como impulsionadores do desenvolvimento (neuro)psicológico do indivíduo, dado serem estas as principais vias de acesso do indivíduo às experiências históricas, sociais/relacionais e conscientes.

Para clarificar este pressuposto, Vegotsky (2001) descreve que: 

  • As experiências históricas são aquelas que foram acumuladas no passado coletivo dos humanos, ou seja, a cultura e a linguagem - com estas, transcendemos o tempo e podemos aprender com o passado; 
  • As experiências sociais são as que podemos adquirir por meio das vivências dos outros que nos rodeiam, que só são acedidas por relações interpessoais mutuamente comprometidas, como descrito na obra de Rita Leal (2010) - por meio destas, podemos superar as distâncias e aprender com as experiências acumuladas por outros em lugares distintos; 
  • As experiências conscientes, são aquelas que surgem com o desdobramento das experiências anteriores, por serem mediadas por instrumentos históricos (linguagem) e possibilitadas pelas relações mutuamente comprometidas entre humanos - a partir destas, podemos superar os condicionamentos biológicos e culturais, construir novas narrativas pessoais, além de criar outras perspectivas em relação ao mundo e aos outros.

Embora aqui não se negue o processo de evolução natural, surge um processo qualitativamente diferente, onde passam a governar as leis da psicologia, ocorrendo a construção/desenvolvimento da consciência. Como Luria (1981) explica em sua obra: as funções psicológicas superiores são sociais em sua origem, mediadas em sua estrutura e voluntárias e deliberadas em seu funcionamento.

Por fim, a prática da abordagem terapêutica da Psicologia Relacional-Histórica, que tem influência da abordagem dinâmica de Rita Leal (2010), é centrada no indivíduo e no desenvolvimento da consciência de si, do mundo e dos outros, por meio de uma relação mutuamente comprometida e da atividade consciente, dentro de uma perspectiva crítico-transformadora.

 

Referências:

Leal, M. R. M. (2010). Passos na Construção do Eu: Step by Step Constructing a Self – Edição Bilingue. Lisboa: Fim de século.

Luria, A. R. (1981). Fundamentos da Neuropsicologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

Vigotski, L. (2001). Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes Edit.


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